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MEU 24 DE MAIO





Eu pensei que as provações escritas para mim já tinham sido vivenciadas de alguma forma, afinal, eu passei por tantos momentos amargos e por motivos diferentes que  imaginei que teria gozo infindo, porém vi tudo mudar no dia 24 de maio de 2019, pois meu coração foi atingido bem em cheio ao receber o diagnóstico sobre a Mírian; sem sombra de dúvidas, foi o dia mais difícil da minha vida. Nada pode por à prova minha fé, minha razão, minhas emoções até aquele dia e daquela maneira. Enquanto tudo está de pé, você tem luta, quando tudo desmoronar e seu coração for partido sem solução, aí você tem prova. Eu sempre fui de batalhar pelas coisas e insistir naquilo que eu queria; nesse dia não pude lutar, porque não havia luta. Não havia o que eu pudesse fazer para transformar as coisas ao meu redor, no máximo, suportei. Não houve oração que parasse meu 24 de maio, não houve choro que pudesse ter consolo no meu 24 de maio.

Um ano depois, ainda me sinto quebrada; só isso mesmo. Nada de exagero com relação a isso, nada tem a ver com a confiança e a graça que vem de Deus; todos sabem que o primeiro ano é mais difícil, a saudade e as feridas da provação ainda estão aparentes, por isso, nesses dias, parei para pensar sobre o castigo proferido no Gênesis, na verdade, o castigo foi ser expulso do jardim e a parte da misericórdia é poder morrer. A dor nessa existência seria tão grande para todos os seres, devido o pecado, que Deus usou logo de misericórdia e nos deu a morte. Quem está muito doente ou cuidando de alguém muito doente, pode entender o que digo. E para quem perdeu alguém sem sofrimento aparente, se olhar para o quadro mais amplo, verá que a situação é a mesma; minha avó me disse: “Nasceu, sofreu!”, eu já concordava com essa frase, agora muito mais.
“Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.  Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo. Também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade; há desvarios no seu coração durante a sua vida, e depois se vão aos mortos.” (Eclesiastes 9:2,3)
 Nesse tempo e espaço, se não formos arrebatados, não nos livraremos de tudo o que essa existência oferece. Em alguns momentos, Deus permite certas coisas para determinados propósitos, mas não devemos nos iludir, ainda somos caídos e sofremos com as conseqüências de estarmos aqui, assim como o sábio Salomão afirma, estamos sujeitos, não importa quem somos, alguns passarão triunfantes pelas provações, outros, rastejando, mas todos iremos passar; cedo ou tarde um sobrevivente vai bater à nossa porta para dar as novas notícias de uma luta ou provação. 



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